Dos Natais de minha infância, tenho
poucas, mas marcantes, lembranças. Recordo-me que minha avó paterna, uma alemã
rígida, orgulhosa, autoritária, que morava em Camboriú, sempre nos mandava
guloseimas, por encomenda. Naquela época não existia Sedex. Quando chegava o
pacote, meus pais, eu e meus irmãos rodeávamos a mesa e numa curiosidade
alegre, para ver o que tinha dentro, mesmo já sabendo o que continha na caixa;
bolachas alemãs, brinquedos e presentes para meus pais. Como éramos muito
pobres, minha mãe separava as bolachas para comermos apenas uma por dia, assim
demoraria mais para acabar. Quanto contentamento!
Outro fato que trago em minha memória,
é um pouco triste, pois meu pai era alcoólatra e boêmio. Muitas, noites do dia
24 ficávamos esperando a chegada do meu pai, acabávamos por ir dormir, mas de
madrugada, meu pai chegava da boemia, trazendo um amigo vestido de papai-noel,
bêbado; minha mãe nos acordava e íamos comemorar o nosso Natal. Para nós, meus
irmãos e eu, era motivo de alegria, mas imagino o quanto minha mãe sofria.
Quando me casei com o pai dos meus
filhos, minha vida mudou totalmente, pois eu havia entrado numa família onde
eles não participavam da sociedade e não permitiam que a sociedade fizesse
parte de seus dias. Era uma família composta por apenas mãe e 02 filhos, onde a
lei matriarcal que predominava, e nos natais, comemorávamos apenas nós quatro.
Quando meus filhos nasceram, nos 04
anos que convivi diariamente com eles, nossos natais eram sem graça, pois eu
queria passar perto dos meus pais, mas nunca meu marido levava. Nessa época eu
sofria muito de saudades dos meus pais e dos nossos tradicionais natais.
No ano de janeiro de 1982, separei-me
da família com quem havia casado, deixando meus filhos com eles e voltei para
casa dos meus pais, que neste ínterim estavam morando em Londrina, mas,
infelizmente, um mês depois meu pai veio a falecer de ataque cardíaco, no dia
05.02.1982.
A partir daí ficamos morando, minha
mãe, meu irmão Mário Renato e nas épocas de Natal, sempre passávamos na casa
dos meus irmãos casados, a Romy e o Percy.
Apesar de eu ter saído da casa dos
meus filhos, não sai da vida deles, mas fui privada de vê-los nos Natais. Com o
consentimento da minha sogra, eu conseguia falar com eles por telefone, muitas
vezes, o pai deles mandava desligar, pois estávamos conversando demais. Mesmo
após a morte do meu ex, não tive a oportunidade de passar o Natal com eles,
pois sua tia, irmã do meu marido, passava com eles, e como ela não fala comigo,
aprendi a respeitar seus sentimentos.
E, quando passei a morar sozinha, não
armava árvores de Natal, nem comemorava. Ao me casar de novo, meu companheiro
também não tinha o tradicional costume de celebrar o Natal.
Quando minha mãe se viu sozinha, sem
seus filhos, começou a fazer os natais em sua casa, e todos nós, seus filhos,
nos reuníamos em sua casa para festejar o Natal com muita comida, muitos
presentes e muita alegria.
Depois que minha mãe faleceu, os
irmãos se dispersaram e cada qual passava e passa o Natal com suas novas famílias.
E neste ano, 2013, depois de uma
grande trajetória, estou em Cruzeiro do Oeste, passando o Natal e Ano Novo, com
meus filhos Jefferson e João Carlos e suas famílias. O Juan não pode vir, pois
sua tia, minha ex cunhada, foi para Maringá e ela continua não falando comigo. Mas,
a família da Elaine, minha nora, esteve presente, fizeram um banquete e no
momento em que rezávamos de mãos dadas, o Pai-Nosso, elevei meu pensamento a
Deus e agradeci profundamente por àquele momento tão luminoso, chegando a me
emocionar e sentir umedecer meus olhos de tanta emoção e gratidão.
Acredito que este foi um dos mais
lindos natais que passei, principalmente pela mensagem que Deus me mandou: com
paciência, sem reclamações, conseguimos atingir nosso objetivo, no meu caso,
passar algum Natal com meus filhos.
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A árvore e os presentes |
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O preparo |
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O calor não atrapalhou o churrasco |
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Murilo e Emerson preparando a árvore |
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O churrasqueiro |
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Eu com meus netos Artur, Murilo, Gabriela e sobrinha Dani |
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Crianças brincando |
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Maurício, eu, Gabi e Jeferson |
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Fran, Gabi e eu |
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Eu com meus filhos Jefferson e João Carlos |
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Cantinho da "salvação" |
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Edi, Eliete, Emerson e Leila, |
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Minhas norinhas queridas, Elaine e Fracielly |
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Eu fui a Mamãe-Noel e o Murilo foi o locutor, |
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Entregando presentes |
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Vez do Artur |
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Vez do João Carlos |
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Elaine e sua mãe Inês preparando a ceia |
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Delícias |
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Maurício assou sardinha |
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Francielly e Leila saboreando a ceia |
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Inês, Eliete e eu |
Um relato muito emocionante minha amiga. Linda história. Vc deixou transparecer a alegria na fisionomia e no sorriso nas fotos. Um feliz natal. Bjs
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