Hoje a tecnologia me
reportou ao passado, estranhamente, me recordei de quando era criança, via como
minha mãe lavava roupas. No meio do quintal, havia dois paus, iguais a uma
forquilha, fincados no chão, nas forquilhas ou outro pau para dar suporte a uma
tábua feita de pedaço de árvore. Do lado uma tina, uma espécie de vasilha de
aduela, que servia para transportar água e lavar roupas. Muitas vezes eu me
sentava na grama e ficava olhando minha mãe lavando a roupa e batendo-a na
tábua, como batia! O sabão era caseiro, feito de soda. A água escorria, fazendo
pequenas poças no matinho que se estendia pelo quintal.
Quando fui ficando
mocinha, minha mãe começou a me ensinar a lavar as roupas e às vezes, ficava ao
meu lado para me mostrar como deveria bater. Certa vez, uma das suas comadres
chegou em casa e ao me ver na tábua, lavando roupa com a barriga molhada,
falou:
- Ih, Elza, a Anecy
vai casar com um pinguço, olha só a barriga dela toda molhada. Igual a você que
ao lavar roupa se molha toda.
Eu odiei àquela mulher!
Realmente meu pai era alcoólatra. Só que a partir de então, comecei a ter
cuidado para lavar a roupa e não me molhar, até que um dia meu pai comprou um
tanque. Era uma estrutura quadrada de cimento, com 4 pés, um buraco no seu
interior onde se colocava a água com a roupa, uma torneira e mais acima um
relevo ondeado, onde se esfregava a roupa, do
lado tinha uma espécie de “saboneteira” para colocar o sabão e a
escovinha.Fizemos à festa com a chegada da "modernidade".
Nesta época já
existia o sabão em pó, Rinso, mas como éramos muito pobres, nem sempre dava
para comprar. As roupas eram quaradas na grama e ficavam bem limpinhas.
E eu continuava a não
gostar de lavar roupas, ainda mais quando tinha que puxar água do poço. Nossa como
eu brigava para não puxar, mas tinha que fazê-lo senão apanhava. Aliás,, eu
nunca gostei de serviços de casa. E quando tinha que passar a roupa com aquele
ferro de brasa! Meu Deus! Se caísse uma fagulha na roupa e queimava, podia
saber, levava uma surra. Então tinha que chacoalhar sempre, lá fora, para que saísse as
cinzas e fagulhas. Tudo era muito difícil.
Até que um dia meu
pai comprou uma bomba, para facilitar nosso trabalho, mas as brigas com meus
irmãos continuavam para “bombear”. Cada um dava 10 “bombadas” para encher a
caixa. Era a modernidade se infiltrando em nossas vidas.
Mais tarde, ao me
casar, tive a sorte de ter uma empregada que fizesse o serviço, mas com a vinda
dos filhos, novamente me “via” diante de um tanque. E tinha época em que eu
lavava 40 fraldas de uma só vez, e passava-as com ferro de brasa, só muito mais
tarde compramos um ferro elétrico.
Só vim a ter uma
máquina de lavar, já aqui, em Morretes (PR). Como era cara! Só podia tê-la quem
ganhasse muito bem.
O tempo passou e hoje
pude comprar uma máquina de última geração: lavadora e secadora. Claro, com a
facilidade de comprar por crediário em longo prazo, posso me desfrutar desta
comodidade, comodidade também para facilitar as limitações que minha idade
condiz.
E lá está ela, na
minha lavanderia, ostentando seu esplendor, a minha mais nova ajudante.
Aproveitei e
pesquisei no Google algumas imagens que fizeram parte de minha vida.
Essa é a tina de lavar roupas |
O poço. |
O tanque com a torneira. |
O tanque |
O ferro a brasa. |
Primeiro ferro elétrico que tive. Ganhei vários sustos quando o fio explodia. |
Sabão em pó |
Eis a minha mais nova ajudante! |
This comment has been removed by the author.
ReplyDeleteNossa amiga, gostei tanto dessa historinha! Muito bem elaborada. Parabéns por mais um dos seus lindos escritos. Bjs
DeleteMuito linda a sua história! Quem já morou em sítio e viveu isso, fica muito saudosista ao ler seu relato. Poucas crianças hoje podem ter uma história assim.
ReplyDeleteMuito linda a sua história! Quem já morou em sítio e viveu isso, fica muito saudosista ao ler seu relato. Poucas crianças hoje podem ter uma história assim.
ReplyDelete