Sunday 14 September 2014

LAVAGEM DE ROUPAS - De volta ao passado.



Hoje a tecnologia me reportou ao passado, estranhamente, me recordei de quando era criança, via como minha mãe lavava roupas. No meio do quintal, havia dois paus, iguais a uma forquilha, fincados no chão, nas forquilhas ou outro pau para dar suporte a uma tábua feita de pedaço de árvore. Do lado uma tina, uma espécie de vasilha de aduela, que servia para transportar água e lavar roupas. Muitas vezes eu me sentava na grama e ficava olhando minha mãe lavando a roupa e batendo-a na tábua, como batia! O sabão era caseiro, feito de soda. A água escorria, fazendo pequenas poças no matinho que se estendia pelo quintal.
 
Quando fui ficando mocinha, minha mãe começou a me ensinar a lavar as roupas e às vezes, ficava ao meu lado para me mostrar como deveria bater. Certa vez, uma das suas comadres chegou em casa e ao me ver na tábua, lavando roupa com a barriga molhada, falou:
- Ih, Elza, a Anecy vai casar com um pinguço, olha só a barriga dela toda molhada. Igual a você que ao lavar roupa se molha toda.
Eu odiei àquela mulher! Realmente meu pai era alcoólatra. Só que a partir de então, comecei a ter cuidado para lavar a roupa e não me molhar, até que um dia meu pai comprou um tanque. Era uma estrutura quadrada de cimento, com 4 pés, um buraco no seu interior onde se colocava a água com a roupa, uma torneira e mais acima um relevo ondeado, onde se esfregava a roupa, do  lado tinha uma espécie de “saboneteira” para colocar o sabão e a escovinha.Fizemos à festa com a chegada da "modernidade".
Nesta época já existia o sabão em pó, Rinso, mas como éramos muito pobres, nem sempre dava para comprar. As roupas eram quaradas na grama e ficavam bem limpinhas.
E eu continuava a não gostar de lavar roupas, ainda mais quando tinha que puxar água do poço. Nossa como eu brigava para não puxar, mas tinha que fazê-lo senão apanhava. Aliás,, eu nunca gostei de serviços de casa. E quando tinha que passar a roupa com aquele ferro de brasa! Meu Deus! Se caísse uma fagulha na roupa e queimava, podia saber, levava uma surra. Então tinha que chacoalhar sempre, lá fora,  para que saísse as cinzas e fagulhas. Tudo era muito difícil.
Até que um dia meu pai comprou uma bomba, para facilitar nosso trabalho, mas as brigas com meus irmãos continuavam para “bombear”. Cada um dava 10 “bombadas” para encher a caixa. Era a modernidade se infiltrando em nossas vidas.
Mais tarde, ao me casar, tive a sorte de ter uma empregada que fizesse o serviço, mas com a vinda dos filhos, novamente me “via” diante de um tanque. E tinha época em que eu lavava 40 fraldas de uma só vez, e passava-as com ferro de brasa, só muito mais tarde compramos um ferro elétrico.
Só vim a ter uma máquina de lavar, já aqui, em Morretes (PR). Como era cara! Só podia tê-la quem ganhasse muito bem.
O tempo passou e hoje pude comprar uma máquina de última geração: lavadora e secadora. Claro, com a facilidade de comprar por crediário em longo prazo, posso me desfrutar desta comodidade, comodidade também para facilitar as limitações que minha idade condiz.
E lá está ela, na minha lavanderia, ostentando seu esplendor, a minha mais nova ajudante.
Aproveitei e pesquisei no Google algumas imagens que fizeram parte de minha vida.

Essa é a tina de lavar roupas

O poço.

O tanque com a torneira. 


O tanque
O ferro a brasa.



Primeiro ferro elétrico que tive. Ganhei vários sustos quando o fio explodia.
Sabão em pó

Eis a minha mais nova ajudante!


4 comments:

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    1. Nossa amiga, gostei tanto dessa historinha! Muito bem elaborada. Parabéns por mais um dos seus lindos escritos. Bjs

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  2. Muito linda a sua história! Quem já morou em sítio e viveu isso, fica muito saudosista ao ler seu relato. Poucas crianças hoje podem ter uma história assim.

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  3. Muito linda a sua história! Quem já morou em sítio e viveu isso, fica muito saudosista ao ler seu relato. Poucas crianças hoje podem ter uma história assim.

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