Tenho boas lembranças
da minha infância no Dia das Mães. Recordo-me que meu pai, por mais boêmio e
beberrão, nunca deixava passar em branco. Era como se fosse um ritual, meu pai
nos acordava bem cedinho, pedia para minha irmã, por se a mais velha, fazer
café, depois nos colocava em fila no corredor, coloca uma música do Agnaldo
Timóteo – Mamãe estou tão feliz – e entrávamos no quarto, cada um com um
presentinho e meu pai chegava por último, com o copo de café nas mãos. Era um
momento de muita emoção, carinho e sorrisos, depois passávamos o dia alegres,
percebendo a felicidade de minha mãe, geralmente o almoço era frango caipira
refogado, arroz de forno, maionese e como sobremesa, pudim, que só ela sabia
fazer tão gostoso.
Quando eu tinha uns
doze anos, passei num armazém (antigamente não havia supermercados, era
armazém, venda ou bar, o bar seria as lanchonetes de hoje) e vi uma mariquinha
de coar café, linda, de alumínio. Então pedi ao meu pai, que me desse uns
cruzeiros, ele, então me deu Cr$ 10,00 (naquela época a moeda do país era Cruzeiro),
corri para a venda e tive a maior decepção, pois custava Cr$ 14,00.
Voltei para casa,
triste e na minha inocência cheguei perto de minha mãe e falei:
- Mãe, eu queria
tanto te dar uma mariquinha, no Dia das Mães, mas custa quatorze cruzeiros e o
papai me deu só dez. E agora?
Ela me olhou, foi
numa gaveta e completou o valor que eu estava precisando. No mesmo momento,
corri até o armazém e comprei a mariquinha, cheguei em casa e escondi o meu
presente. No sábado, véspera do Dia das Mães, mostrei para meu pai e no outro
dia, lá estava eu na fila, com meu presente. O coração aos pulos, com medo da mamãe
não gostar, mas quando ela abriu, com seus olhos marejados de emoção, me
abraçou e disse:
- É o presente mais
lindo que já recebi. Como soube que eu estava precisando de uma mariquinha?
Abracei-a e chorei de
alegria. Essa era minha mãe!
Hoje, o tempo passou
e hoje já não a tenho mais, mesmo assim nunca esqueci dos ótimos momentos que
passamos juntas. Minha mãe era uma verdadeira coruja e ao mesmo tempo uma leoa
para defender seus filhos.
O bom da história é
que mãe nunca morre, se perpetua em nossos corações, em nossas lembranças e em
nossas saudades.
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A mariquinha - suporte para coar café com coador de pano |
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Moinho para moer os grãos do café. |
Uma das últimas fotos de minha mãe, em 2007 |
Minha mãe foi uma mulher muito elegante |
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