Wednesday, 17 April 2013

EQUÍVOCO FÚNEBRE



Se tem alguma coisa que eu tenho medo é de barata e defunto. Mas, por questão social, às vezes, temos que comparecer em um funeral.

Na semana passada, o avô de um dos meus alunos morreu. Sua mãe, toda chorosa, pediu que eu fosse em seu velório. Comentei com a merendeira que eu iria, mas à noite teria muito medo. Então ela falou que para se perder o medo pelas pessoas mortas, é chegar perto do caixão, tirar seu sapato e beijar os pés do morto. Respondi num tom um tanto quanto assustada, que jamais faria isto. Apesar, estive lá para dar os pêsames para a família.


Mais tarde, em casa, passei um e-mail para meu filho falando do meu pavor de estar em casa sozinha, sendo que durante o dia havia ido ver um defunto. Ele me respondeu:

- Fique tranquila, mãe, só vê quem quer ver.

Dois dias depois, já mais tranquila, depois de assistir o Jornal Nacional, desliguei a TV e fui verificar meus “emeios”, no computador. Qual não foi meu susto, quando a TV ligou sozinha. Quase morri! Fui até à sala, com muito medo, observando o que tinha acontecido. Peguei-me em Deus, pedindo que afastasse meu medo e falando Oyashikiri (palavra usada em situações de perigo, da minha igreja PL). Nessa hora é que percebo o quanto é ruim ficar sozinha.

Passado alguns dias, a avó de um outro aluno faleceu, também. A minha diarista é irmã da pessoa que morreu e logo de manhã ela me telefonou avisando que o corpo estava sendo velado na Capela. Prometi a ela, que antes de ir para rodoviária tomar o ônibus para ir dar aula, passaria na capela.

Chamei um taxi, pois estava carregada de doações, para levar aos alunos e fomos à capela. Pedi para o taxista esperar um pouco, caminhei em direção à capela, já no pátio percebi que não tinha nenhuma pessoa conhecida, procurei pela família do meu aluno, e estranhei. Conforme fui entrando, os olhares das poucas pessoas que estavam lá, se voltaram para mim, imagine, eu vestia um agasalho preto, grandes brincos, batom vermelho,

Adentrei o recinto, havia um caixão, três mulheres do lado, que também me olharam com uma expressão de espanto, mesmo assim entrei, afinal, eu já estava lá mesmo. Cheguei bem perto, olhei o morto, era um senhor que aparentava uma idade entre 60 a 70 anos. Olhei para as mulheres, cumprimentei-as, mas eu sempre olhava dos lados, procurando pela minha diarista e sua família.

Sem falar nada, fui saindo devagarinho, meio constrangida. Quando cheguei na porta, um senhor olhou-me de cima embaixo, de baixo em cima, e eu sai apressada, entrei no táxi, falei para o taxista:

- Paguei o maior mico. Não era a pessoa que eu tinha que visitar.

Contei em detalhes para o rapaz e este riu muito e falou:

- Professora, acho que a senhora deixou as pessoas curiosas, achando que a senhora deveria ser a “outra”.

Mais tarde, ao chegar na Escola do Canhembora, fiquei sabendo que a capela era na BR, na entrada do Povoado do Candonga. Consegui uma carona, deixei a merendeira cuidando dos alunos e fui ver a verdadeira morta, sem equívoco nenhum.

O duro foi dormir à noite, sozinha, pois já eram três medos que eu teria que enfrentar. Cada uma que me acontece!


2 comments:

  1. OI Anecy...
    Essa foi demais para uma mulher do teu tamanho...
    Ri muito com o teu relato peço desculpas aos familiares.
    Deus os tenha na Santa ...
    Bjs te amo...

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