Se tem alguma coisa
que eu tenho medo é de barata e defunto. Mas, por questão social, às vezes,
temos que comparecer em um funeral.
Na semana passada, o
avô de um dos meus alunos morreu. Sua mãe, toda chorosa, pediu que eu fosse em
seu velório. Comentei com a merendeira que eu iria, mas à noite teria muito
medo. Então ela falou que para se perder o medo pelas pessoas mortas, é chegar
perto do caixão, tirar seu sapato e beijar os pés do morto. Respondi num tom um
tanto quanto assustada, que jamais faria isto. Apesar, estive lá para dar os pêsames
para a família.
Mais tarde, em casa,
passei um e-mail para meu filho falando do meu pavor de estar em casa sozinha,
sendo que durante o dia havia ido ver um defunto. Ele me respondeu:
- Fique tranquila,
mãe, só vê quem quer ver.
Dois dias depois, já
mais tranquila, depois de assistir o Jornal Nacional, desliguei a TV e fui
verificar meus “emeios”, no computador. Qual não foi meu susto, quando a TV
ligou sozinha. Quase morri! Fui até à sala, com muito medo, observando o que
tinha acontecido. Peguei-me em Deus, pedindo que afastasse meu medo e falando
Oyashikiri (palavra usada em situações de perigo, da minha igreja PL). Nessa
hora é que percebo o quanto é ruim ficar sozinha.
Passado alguns dias,
a avó de um outro aluno faleceu, também. A minha diarista é irmã da pessoa que
morreu e logo de manhã ela me telefonou avisando que o corpo estava sendo
velado na Capela. Prometi a ela, que antes de ir para rodoviária tomar o ônibus
para ir dar aula, passaria na capela.
Chamei um taxi, pois
estava carregada de doações, para levar aos alunos e fomos à capela. Pedi para
o taxista esperar um pouco, caminhei em direção à capela, já no pátio percebi
que não tinha nenhuma pessoa conhecida, procurei pela família do meu aluno, e
estranhei. Conforme fui entrando, os olhares das poucas pessoas que estavam lá,
se voltaram para mim, imagine, eu vestia um agasalho preto, grandes brincos,
batom vermelho,
Adentrei o recinto,
havia um caixão, três mulheres do lado, que também me olharam com uma expressão
de espanto, mesmo assim entrei, afinal, eu já estava lá mesmo. Cheguei bem
perto, olhei o morto, era um senhor que aparentava uma idade entre 60 a 70
anos. Olhei para as mulheres, cumprimentei-as, mas eu sempre olhava dos lados, procurando
pela minha diarista e sua família.
Sem falar nada, fui
saindo devagarinho, meio constrangida. Quando cheguei na porta, um senhor
olhou-me de cima embaixo, de baixo em cima, e eu sai apressada, entrei no táxi,
falei para o taxista:
- Paguei o maior
mico. Não era a pessoa que eu tinha que visitar.
Contei em detalhes
para o rapaz e este riu muito e falou:
- Professora, acho
que a senhora deixou as pessoas curiosas, achando que a senhora deveria ser a “outra”.
Mais tarde, ao chegar
na Escola do Canhembora, fiquei sabendo que a capela era na BR, na entrada do
Povoado do Candonga. Consegui uma carona, deixei a merendeira cuidando dos
alunos e fui ver a verdadeira morta, sem equívoco nenhum.
O duro foi dormir à
noite, sozinha, pois já eram três medos que eu teria que enfrentar. Cada uma
que me acontece!
HAhahahaha só você, tia!
ReplyDeleteOI Anecy...
ReplyDeleteEssa foi demais para uma mulher do teu tamanho...
Ri muito com o teu relato peço desculpas aos familiares.
Deus os tenha na Santa ...
Bjs te amo...